sábado, 31 de maio de 2008

O Brasil foi muito bem representado, por uma MULHER, em Cannes!


A nossa surpresa em Cannes!

A atriz Sandra Corveloni arrebatou o júri do Festival e ganhou o segundo principal prêmio do cinema mundial logo na sua estréia.
(Rodrigo Turrer)

"O prêmio me tirou da tristeza e da prostração"Sandra Corveloni gastou a última semana explicando ao mundo quem é. “Minha rotina agora é dar entrevistas”, diz a atriz de 43 anos. Justificável.

Afinal, a desconhecida Sandra embasbacou o mundo do cinema em Cannes ao desbancar as divas Juliane Moore e Angelina Jolie, arrebatar oito dos nove votos do júri e ser escolhida a melhor atriz do Festival por sua atuação em Linha de Passe, dos diretores Walter Salles e Daniela Thomas.

De lá pra cá, ela trocou o relativamente pacato revezamento entre família, aulas de teatro que ministra e ensaios de peças, por uma média de dez entrevistas diárias. “Minha vida virou de cabeça pra baixo. Estou sempre pendurada no telefone.”

O sinal das mudanças é visível. Sandra agora vive cercada por assessores, que monopolizam suas entrevistas e controlam seu tempo com rigor britânico. Também leva uma amiga a tiracolo, para ajudar com os celulares e relaxar de vez em quando, “porque ninguém é de ferro, né?!”.

O espaço em branco nas folhas de sua agenda sumiu. Assim como sua voz, que de tanto falar com jornalistas ficou rouca. A transformação em celebridade instantânea ainda é recebida com estranhamento pelo marido, o professor de italiano Maurizio de Simone, com quem é casada há uma década, e pelo filho Orlando, de seis anos. “Ele não está entendendo nada, tadinho”, diz Sandra. Era com Orlando que ela brincava na sala da sua casa, na zona sul de São Paulo, “desligada do festival”, quando recebeu a ligação confirmando sua vitória.

E dando início a vertiginosa caçada da imprensa por suas declarações. Tamanho assédio pode ser compreendido pelo ineditismo do feito de Sandra. Linha de Passe é sua estréia no cinema. Antes desse filme, ela havia trabalhado em meia dúzia de curtas experimentais.

Seus vinte anos de carreira foram dedicados aos palcos. No papel de Cleuza, uma empregada doméstica moradora da periferia de São Paulo, grávida e mãe de quatro filhos que querem mudar de vida como jogadores de futebol, ela ganhou o principal prêmio cinematográfico do planeta depois do Oscar. É verdade que Cannes aposta em novatos - mas nem tanto. Sandra é uma das raras atrizes a emplacar com o troféu máximo do festival logo de cara. Nessa entrevista, ela fala sobre essa conquista, as dificuldades para se tornar atriz profissional, e como o prêmio a ajudou a sair de uma tristeza profunda por causa da perda de uma gravidez.

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