domingo, 25 de maio de 2008

MEIO AMBIENTE: Uma cratera no coração do Brasil!...


O Ibama quer proteger, em Mato Grosso, área com 40 km de diâmetro formada pela queda de um meteorito há 250 milhões de anos.

Por LUCIANA SGARBI.


A probabilidade de um meteorito cair na Terra é uma em 20 mil, segundo a Agência Espacial Americana (Nasa). Esse número nos passa a idéia confortável de que dificilmente seremos alvo, por exemplo, de 200 milhões de toneladas de rochas desabando sobre o planeta.

Basta olhar, porém, para o município de Araguainha, em Mato Grosso. O seu chão que abriga cerca de mil habitantes é o chão de uma cratera, as montanhas que o circundam são as bordas de uma cratera de 40 quilômetros de diâmetro, a vegetação que ali floresce brota da terra de uma cratera – resultado da queda de um meteorito na região há cerca de 250 milhões de anos.

Viajando 50 vezes mais rápido do que a velocidade do som, ele se fragmentou e passou pela camada de proteção da atmosfera.
Colidiu em uma zona marinha rasa (justamente onde está Araguainha) e o que era um rio cercado de intensa vegetação tornou-se um conjunto de anéis de morros com cavernas de arenito e sítios arqueológicos.

Reconhecendo agora esse patrimônio e temendo deixá-lo à mercê da exploração inadequada, o Instituto Nacional de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encaminhou ao governo federal um relatório que prevê a criação de dezenas de unidades de conservação para proteger a área do domo de Araguainha – a maior cratera de meteorito da América do Sul e a décima sétima do mundo.
A cratera é tão vasta que abrange o território de seis municípios. Segundo pesquisadores, o meteorito tinha até quatro quilômetros de diâmetro e seu impacto teve potência equivalente ao de 28 milhões de bombas nucleares.

Para comprovar essa tese, geólogos foram a campo e descobriram rochas deformadas que só surgem em eventos dessa magnitude e fragmentos fossilizados de organismos marinhos.

Esse “rombo” em pleno solo brasileiro pode ser um dos mais importantes laboratórios arqueológicos da história: são 281 mil hectares abrigando mais de 20 cavernas de arenito e 12 sítios arqueológicos identificados.

Concentra ainda nascentes de diversos formadores do rio Araguaia e espécies da flora e fauna do cerrado ameaçadas de extinção – como o tamanduá-bandeira, a onça-parda, o lobo-guará e a arara-azul-grande.
É difícil imaginar que um complexo ambiental dessa grandeza esteja cravado em um dos locais mais devastados do País – o Estado de Mato Grosso.

Segundo o Ibama, a remoção da vegetação causa impactos visíveis, como o aumento da suscetibilidade do solo à erosão.

Um trecho do relatório enviado a Brasília diz que “o processo erosivo, facilmente perceptível, pode comprometer a viabilidade a médio e longo prazo de diversas nascentes e córregos, além de potencialmente alterar variáveis hidrológicas do rio Araguaia”.

O Ibama pretende agora instalar cinco áreas prioritárias de proteção, incluindo a região dos morros que cercam a cratera.

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