OMS pede proibição total da propaganda de cigarro
(Virgínia Hebrero - De Genebra).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, nesta sexta-feira, que os Governos proibam qualquer tipo de propaganda, inclusive indireta, do cigarro, um produto que mata metade de seus consumidores.O pedido acontece por ocasião do Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, e que este ano tem como foco a juventude, assim como a denúncia das campanhas multimilionárias das empresas de cigarro para atrair este setor da população através de técnicas de mercado.
O objetivo é proteger 1,8 bilhão de jovens no mundo, os mais vulneráveis a essas táticas que, em palavras de um especialista da OMS, se assemelham a "um vírus mutante", pois quando desaparece em um lugar se reproduz em outro.
Metade dos fumantes morre precocemente, afirma o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e coordenador do Centro de Tratamento do Tabagismo
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"As medidas pela metade não servem para nada. Quando se proíbe uma forma de publicidade, a indústria do tabaco redireciona seus recursos em direção a outras formas", denunciou em entrevista coletiva o doutor Douglas Bettcher, responsável da Iniciativa Sem Tabaco da OMS."
É como um vírus mutante, sempre encontra outras formas de chegar", insistiu o especialista, defendendo que os Governos "imponham uma proibição total para fazer a estratégia de comercialização do tabaco fracassar".Segundo a OMS, que cita estudos recentes, quanto mais expostos os jovens estiverem à publicidade do tabaco, mais provável é que comecem a fumar.
Mas, apenas 5% da população mundial vivem em lugares onde a publicidade é proibida.Bettcher ressaltou que a indústria do tabaco tenta atrair os jovens associando falsamente o consumo destes com qualidades com o "glamour", a energia e a atração sexual.
Por isso, quando não é possível a publicidade direta do tabaco, a indústria usa métodos indiretos como dar os nomes de suas marcas, assim como seus logotipos, a outro tipo de produtos, desde bolsas até chinelos esportivos, passando por roupas, declarou a especialista brasileira Vera Luiza da Costa e Silva consultora da área de saúde.
"Segundo um estudo realizado em 150 países, 56% dos estudantes entre 13 e 15 anos estão expostos à promoção de produtos com logos e nomes de marcas de cigarros", afirmou."Dois em cada dez estudantes possuem algum objeto com uma logo relacionada ao tabaco", ressaltou.
Bettcher destacou que, como a maioria das pessoas no mundo começa a fumar antes dos 18 anos, e deles, quase uma quarta parte antes dos 10, a indústria do tabaco opta por lançar sua publicidade nos meios acessíveis aos jovens."Cinema, internet, shows e eventos esportivos são alguns dos lugares escolhidos para fazer chegar a mensagem aos jovens", explicou, com o agravante de que "eles são os que se viciam mais facilmente e que têm mais dificuldades para se livrar do vício"
.As empresas de tabaco voltam suas campanhas especialmente para os países em desenvolvimento, pois é ali onde vivem 80% dos jovens, afirmou Bettcher lembrando, além disso, que as empresas procuram incluir substâncias nocivas, como o amoníaco, nos cigarros para torná-los mais viciantes.
"Para poder sobreviver, a indústria do tabaco precisa substituir aqueles que morrem ou que abandonam por novos consumidores", comentou a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado pelo Dia Sem Tabaco."A proibição de toda a publicidade do tabaco e de sua promoção e patrocínio é uma ferramenta poderosa que podemos usar para proteger a juventude", acrescentou.
A OMS calcula que se não forem tomadas medidas, no fim deste século terão morrido 500 milhões de pessoas por causa do consumo do tabaco.
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