terça-feira, 29 de julho de 2008

No cantinho romântico de Cecília Meireles:"Suavíssima"

"Suavíssima"

Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
No céu de outono, anda um langor final de pluma
Que se desfaz por entre os dedos, vagamente . . .

Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma . . .
Fica-se longe, quase morta, como ausente . . .

Sem ter certeza de ninguém . . . de coisa alguma . . .
Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,
De um mal sem dor, que se não saiba nem resuma . . .

E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
A alma das flores, suave e tácita, perfuma.

A solitude nebulosa e irreal do ambiente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
Tão para lá! . . . No fim da tarde . . . além da bruma . . .

E silenciosos, como alguém que se acostuma.
A caminhar sobre penumbras, mansamente,
Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma . . .

Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma . . .
E os galos cantam, no crepúsculo dormente . .
.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tia!

Saiba que eu admiro muito a senhora por ser uma pessoa tão ocupada e, mesmo assim, encontrar tempo para criar um blog recheado de cultura e informação!
O gosto que a senhora demonstra pela poesia, também, é algo muito bacana! Especialmente, nos dias de hoje há tanta violência e brutalidade...Assim, a poesia nos lembra que o mundo e as pessoas podem ser boas e fazer coisas boas...