sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Clarice Lispector, 90: a "boa rebelde" da Literatura Nacional.


Ler Clarice é sempre um alento para a nossa alma!...

Dizer que Clarice Lispector (1920-1977), que nesta sexta-feira completaria 90 anos, foi uma escritora que conduziu a literatura brasileira a níveis de intimidade e profundidade pouco explorados no país, não seria mentira. Mas pode-se dizer ainda mais dela.

Para Nadia Batella Gotlib, autora de Clarice: uma Vida que se Conta (Edusp, 656 páginas), Clarice não era apenas uma autora dotada de “aguda percepção da condição humana”, mas também uma escritora capaz de romper com os gêneros tradicionais da ficção, legado que teria deixado.

“Clarice praticava gêneros como a crônica, o conto e o romance, desmontando-os internamente. Sob esse aspecto, ela pode ser considerada, mesmo nos dias de hoje, entre escritores e escritoras, um dos grandes nomes da ‘boa rebeldia’ em nossa literatura”, diz Nadia, autora, também, do livro Clarice Fotobiografia (editora Imprensa Oficial, 668 páginas), em que analisa a escritora ucraniana crescida no Brasil, a partir de suas imagens.

Um dos principais biógrafos de Clarice, Nadia vê a escritora como uma mulher que sofria de um provável deslocamento do mundo – talvez por integrar uma família de judeus imigrantes – e que transformava sua sensibilidade em livros densos, mas também capazes de conexão com as pessoas.

Daí, Clarice ter sido traduzida para diversas línguas como o japonês, o russo e o polonês. “Essa forma sensível de ver o mundo pode ser encontrada já em seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, que ela publicou com 23 anos”, diz Nadia. “Sua literatura de alto nível correspondia às expectativas de um público vasto: ela escrevia para pessoas de todas as idades e sobre pessoas de todas as idades.”

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