terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dia Mundial de Combate à AIDS - PRECONCEITO!


Para cada soropositivo identificado existem mais outros cinco ocultos.

Da Redação - Jardel Arruda

Diagnóstico. Essa é a palavra-chave que tem sido trabalhada em Mato Grosso e no Brasil quando o assunto é Aids. A preocupação do governo é de ‘catalogar’ todos os soropositivos e então quebrar a corrente de transmissão em um cenário no qual apenas um sexto dos portadores do vírus da imunodeficiência, o HIV, está identificado.

“Às vezes as pessoas olham os números, se assustam e dizem: ‘Nossa! Mato Grosso tem seis mil soropositivos!" Contudo elas não sabem que para cada caso soropositivo existem outros cinco sem nem mesmo saber serem portadores de HIV e que estão transmitindo o vírus”, declarou Janaína Porto, técnica da Coordenadoria Estadual de DST/Aids e Hepatite Virais.

Para ela, os pacientes já diagnosticados não preocupam. Estes, segundo ela, se cuidam ao máximo. “Eles usam preservativo até com o ar”, brincou. O motivo de todo esse cuidado é a consciência dos soropositivos da própria condição. “Eles sabem que além de transmitir, se eles fizerem sexo com outro soropositivo sem proteção podem criar um subtipo do vírus e diminuírem o tempo de vida”.

A principal barreira entre o cidadão e o teste para o diagnóstico, o tratamento e o aconselhamento que pode possibilitar maior longevidade e o convívio social aos soropositivos é o preconceito. Segundo a técnica, até mesmo alguns soropositivos já diagnosticados desistiram do tratamento devido aos problemas enfrentados, principalmente no ambiente de trabalho.

O estigma de ‘câncer gay’ que a doença ganhou nos meados de 1980 ainda está no inconsciente popular e afasta as pessoas do teste para diagnosticar a doença. Contudo, essa alcunha está ultrapassada.

“A Aids agora é heterossexual. Hoje os heterossexuais são a maioria entre os portadores do HIV. Além disso, antes, para cada mulher soropositivo existiam quatro homens nessa condição. Hoje é um para um”, explicou Janaína. Além dessas mudanças no cenário dos soropositivos, também houve uma elevação no número de casos em pessoas acima dos 40 anos.

Para tentar driblar esse problema, o exame que há três anos atrás era realizado apenas nos Serviços de Atendimentos Especializados (SAE) pode ser feito gratuitamente em qualquer policlínica e em outras unidades básicas de saúde. “Além disso, hoje existe o teste rápido, que só com uma gota de sangue e 15 minutos você já sabe se é soropositivo ou não”.

“O que as pessoas precisam entender é que hoje a Aids não é mais uma sentença de morte. Agora, como o diabetes e a hipertensão, ela é uma doença crônica. Com o devido tratamento, o portador do HIV pode viver normalmente”, concluiu Janaína.

Em 23 anos, Mato Grosso notificou quase 6 mil casos de soropositivos. O Estado também conta com 14 SAEs, número que deve ser ampliado para 24 em 2010. Em caso de dúvida, o teste pode ser feito com discrição em qualquer unidade de atenção à saúde. Sexo, só com camisinha.

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