domingo, 6 de dezembro de 2009

AO ENCONTRO DE DEUS...


"CAPITAL DA FÉ"

Católicos, judeus e muçulmanos se cruzam nos caminhos onde a religião dá sentido à vida.

Anna Carolina Lementy

A Fortaleza de Davi, com sua torre ao fundo, em Jerusalém. Hoje capital de Israel, a cidade foi disputada por fiéis das três religiões monoteístasQuando decidiu fazer sua primeira peregrinação, o geólogo mineiro Daniel Martins de Oliveira, de 27 anos, queria ter uma experiência marcante na Terra Santa. Mais do que conhecer os lugares e os símbolos que tornaram a região sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, esse adepto do espiritismo fora atraído pela possibilidade de conhecimento que teria em duas semanas na companhia do filósofo francês Jean-Yves Leloup. Ao fim do percurso, Oliveira sentiu que tinha se transformado. “Minha espiritualidade ficou mais inteligente, percebo com mais clareza o que nos une”, afirma.
Embora Oliveira buscasse conhecer a cultura de outros povos, ele diz ter descoberto a importância de cuidar de quem estava ali, a seu lado. O caráter diferente da viagem, sem um roteiro com horários apertados, visitas expressas e flashes fotográficos em excesso, também contribuiu. “Não éramos turistas que apenas tomavam posse dos lugares, estávamos vivenciando uma relação com o sagrado.”

O rabino carioca Nilton Bonder, de 53 anos, também diz ter passado por transformações pessoais ao visitar a Terra Santa. Em 2006, ele foi convidado pelo Departamento de Mediação de Conflitos da Universidade Harvard para trilhar o Caminho de Abraão, trajeto que busca refazer, no Oriente Médio, os passos do patriarca das três religiões monoteístas. Bonder era o único rabino do grupo, formado por representantes de diversos credos. “Em regiões tensas como as que visitei, a paisagem humana e a hospitalidade têm muito impacto”, afirma. Foi naquela travessia que nasceu a ideia de escrever o livro Tirando os sapatos. “Em sentido amplo, tirar os sapatos significa abandonar padrões e pisar em um chão sagrado que pode nos renovar”, diz Bonder.

Além da paisagem humana a que o rabino Bonder se refere e de uma história que parece despertar os homens para a religião, quem visita a Terra Santa tem a chance de contemplar vistas impressionantes como a do Monte das Oliveiras, desvendar os mistérios da Cidade Antiga de Jerusalém, sentir-se pequeno diante do Muro das Lamentações e, para relaxar, boiar nas águas do Mar Morto.

O advogado e gerente de vendas Lotar Gross, de 61 anos, acalentava fazia muito tempo o sonho de conhecer a Terra Santa, até que sua paróquia finalmente organizou um grupo de viagem. No mês passado, ele embarcou ao lado de outros 33 católicos. Dos pontos religiosos que visitou, como a Igreja do Santo Sepulcro e o percurso da Via Dolorosa, Gross guarda na memória a emoção encontrada em um restaurante muito simples que funciona em uma choupana de Magdala, às margens do Mar da Galileia. “Experimentei o mesmo peixe citado na Bíblia. É como se eu estivesse vivendo naquela época”, diz.

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