sábado, 19 de junho de 2010

Recordando José Saramago.








Poema à boca fechada.


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago.

Manifestações no funeral de Saramago.


A escritora, Nélida Piñon no funeral de José Saramago.

'Senti primeiro a perda do amigo', diz Nélida Piñon no funeral de Saramago
A escritora representa a Academia Brasileira de Letras na cerimônia.

Vitor Sorano

Entre 15 mil e 20 mil pessoas, segundo a organização, visitaram hoje o funeral de José Saramago em Lisboa, que começou por volta das 16h e segue até a meia-noite. Por volta das 19h, a fila que chegou a ter cerca de 300 pessoas já tinha se desfeito.

A escritora brasileira Nélida Piñon, representando a Academia Brasileira de Letras, chegou por volta das 19h40. "Eu senti primeiro a perda do homem, o amigo. A obra já estava no bolso e no coração", disse. Segundo Nélida, Saramago estava eleito para sócio-correspondente da academia, mas não chegou a tomar posse. "Nós o amávamos e penso que ele também nos amava . Ele reside no coração dos brasileiros e alarga o horizonte da língua."
"Tínhamos uma relação muito próxima, muito cordial. Era uma pessoa encantadora", diz António Del Rio, um dos 14 irmãos de Pilar del Rio, a mulher de Saramago. "Nos vimos pela última vez há cerca de 8 meses. Discutimos a evolução do ser humano e a união entre a cibernética e a bioquímica, sobre até onde iríamos", disse ao G1.

Saiba mais:

Atores da Globo interpretam trecho de 'Ensaio sobre a cegueira'

Repercussão: escritores, amigos e personalidades comentam a perda

A ausência do presidente da República, Cavaco Silva (PSD), foi sentida. Perguntado sobre o porquê da ausência ex-presidente Mário Soares (do PS) disse: "Perguntem a ele. Ele é que tem que responder." O conselheiro de Estado e ex-presidetne do PSD Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que Cavaco Silva estava presente "espiritualmente", embora não "fisicamente". "O presidente se pronunciou por uma mensagem. Acho que é mais importante que a sua presença." O primeiro-ministro José Sócrates, do PS, esteve presente.

Amanhã o funeral de José Saramago deve ser retomado às 9h e seguir até as 11h. Ao meio-dia, o corpo segue para o cemitério do Alto de São João, onde será cremado. Prevê-se que parte das cinzas fiquem em Azinhaga do Ribatejo, onde o escritor nasceu, e parte em Lanzarote, onde vivia e morreu. A decisão final, porém, ainda não foi tomada pela família.

NOTA DE PESAR.


Nota de Pesar pela morte do escritor português José Saramago.


A Associação Nacional dos Defensores Públicos, em nome dos Defensores Públicos de todo o país, lamenta a morte do escritor português José Saramago, criador de um dos universos literários mais pessoais e sólidos do século XX.

Ganhador do Nobel de Literatura de 1998, Saramago se destacou como um dos mais fervorosos críticos da sociedade, denunciando injustiças e se pronunciando sobre conflitos políticos de sua época.

A ANADEP se solidariza com os familiares e amigos desse ícone da literatura portuguesa e se inspira no exemplo de Saramago para dar continuidade à ininterrupta luta contra as injustiças.


Veículo: ANADEP
Estado: DF

sexta-feira, 18 de junho de 2010

BELA E SANTA CATARINA!...


Manifestação marca dia contra a violência a idosos.

Cerca de 200 pessoas participaram da manifestação de conscientização da violência contra os idosos.

Navegantes/SC (Na foto, vê-se a Igreja de Nossa Senhora dos NAVEGANTES).


Com faixas escritas: "É dever de todos prevenir a ameaça de violação dos direitos dos idosos", "Também é violação quando o idoso é tratado de forma desumana", entre outras, cerca de 200 pessoas fizeram uma manifestação na manhã de terça-feira (15), em Navegantes/SC, para marcar o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.

Em apitaço, os 13 grupos da terceira idade e a Secretaria de Desenvolvimento Social realizaram uma caminhada em manifestação, que iniciou em frente ao ferry boat, se estendeu pela Avenida João Sacavem e terminou em frente ao Paço Municipal. Conforme a secretária de Desenvolvimento Social, Regina Correa, o objetivo foi fazer com que a comunidade conheça o instituto dos idosos e possa respeitá-los.

O intuito da data é criar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa e, simultaneamente, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal.

No Brasil, o índice de violência contra idosos, segundo dados do ANADEP - Associação Nacional dos Defensores Públicos aumentou a ponto de hoje ser encarado como um grave problema de saúde pública. "Orientamos às pessoas que observem como vivem os idosos ao seu redor. Muitas vezes, o próprio idoso não tem coragem de denunciar sua agressão, então é importante que outras pessoas que vejam essa agressão denunciem", observou a secretária, lembrando que muitas vezes ainda a agressão acontece em casa.


Veículo: Jornal O Atlântico
Estado: SC


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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quem foi Leon Tolstoi?!...

Leon Tolstoi
(Escritor russo).

Nascimento: 9/9/1828, Yasnaia Poliana, Rússia
Morte: 20/11/1910, Astapovo, Rússia


"Dormia no terraço, ao ar livre, e os raios oblíquos do sol matinal me despertavam. Vestia-me às pressas, punha debaixo do braço uma toalha, um romance francês, e ia-me banhar no riacho, à sombra de um bétula que ficava a meia versta de casa. Depois, estirava-me e lia, parando às vezes para contemplar o lilás sombrio da superfície do riacho que começava a se agitar ao sopro da brisa da manhã, ou o campo dourado de centeio que ficava na margem oposta."

Essa deliciosa descrição da juventude do escritor Leon Tolstoi está registrada nas suas "Memórias".

Nascido numa família nobre, Leon Tolstoi ficou órfão aos nove anos e foi educado por preceptores.

Em 1843, iniciou o curso de letras e direito na Universidade de Kazan. Depois de formado, passou um período em Moscou e logo se alistou na guarnição do Cáucaso, seguindo seu irmão Nicolenka, oficial do exército russo.

No Cáucaso, escreveu o livro "Infância" e a primeira parte de "Memórias". "Infância" foi publicado em 1852 e alcançou grande êxito.
Depois de nomeado suboficial, em 1854, Tolstoi voltou brevemente a sua terra natal, mas retornou à vida militar, participando da Guerra da Criméia.

Em 1856, abandonada a carreira militar, Leon Tolstoi passou a viver em sociedade, ampliando suas relações pessoais. Viajou à Europa, visitando diversos países. Ao regressar, isolou-se em sua propriedade rural, determinado a dedicar-se à literatura. Casou-se nesse período com Sofia Bers, com quem teve nove filhos.

Em 1865, iniciou a elaboração de "Guerra e Paz", uma das maiores obras literárias de todos os tempos. Trata-se de um extenso romance que aborda as guerras napoleônicas e traça um quadro da sociedade russa do início do século 19.

Em fins da década de 1870, Leon Tolstoi escreveu o romance psicológico "Ana Karenina", que também obteve grande repercussão.
Aos poucos suas inclinações voltaram-se para a religião. Leon Tolstoi tornou-se pouco a pouco um cristão evangélico, uma espécie de apóstolo, pregando para os seus. Ao renegar a religião ortodoxa, acabou excomungado pela Igreja.

Suas posições políticas também se radicalizaram, tendendo ao anarquismo. Tolstoi criou uma escola alternativa, para a qual chegou a redigir os livros didáticos.

Suas convicções cada vez mais exaltadas atraíam a atenção de místicos do mundo inteiro. Ao mesmo tempo, ampliava-se sua fama de grande romancista.

Distanciando-se cada vez mais de sua família, Tolstoi decidiu entrar para um mosteiro. Planejou a fuga e, no dia 31 de outubro de 1910, finalmente embarcou num trem, acompanhado apenas da filha Alexandra e de um criado. Com a saúde abalada, foi obrigado a descer na cidadezinha de Astapovo, sendo acolhido pelo próprio agente da estação.

O fato tornou-se público e telegramas e visitas começaram a chegar de toda a Rússia e de outras partes da Europa. Leon Tolstoi resistiu apenas alguns dias, falecendo pouco depois.

Alargando nossos conhecimentos!...


Conhecimento Sem Fronteiras.

Artigos de Filosofia:



A morte de Ivan Ilitch

Luciene Félix
Professora de Filosofia e Mitologia Greco-Romana da ESDC
mitologia@esdc.com.br

“O que justifica o ato de viver é a solidariedade, ativa e iluminada que aniquila o eu egoísta e fornece a paz interior”Luiz Venere Décourt (1911-2007)

Nessa magistral obra-prima (considerada por Vladimir Nabokov “a mais artística, mais perfeita e de mais sofisticada realização da história mundial”) legada pelo conde russo Leon Tolstói (1828-1910), defrontamo-nos com o soberano do destino: o fim. Eis nosso denominador comum.

Fim! Decreta a morte. Pode-se até contestar que seja ou não o “fim último”, mas abster-se desse encontro marcado ninguém conseguiu. A morte é uma prova final, aplicada a qualquer momento; e por mais que se creia não estar preparado, todos somos aprovados.

Impossível não se comover com esse personagem: “A vida de Ivan Ilitch era das mais simples, das mais vulgares e, contudo, das mais terríveis. Juiz do Tribunal, falecia aos 45 anos”. Escarafunchando a angustiada consciência do irrepreensível juiz Ivan Ilitch, em breves 85 páginas, Tolstói nos brinda com o relato de um “acerto de contas”, revelando a futilidade do modelo de vida burguês. Será, preso ao leito, frente a morte certa, que a vida de Ivan Ilitch se revelará mais livre, mais autêntica e pujante. As preocupações corriqueiras, os afazeres mundanos impediram-no de pensar nela.

É com espanto que, diante da morte iminente, atina que viveu uma vida de aparências, tanto no desempenho de seu trabalho, quanto no casamento e em suas demais relações sociais. Ivan Ilitch conclui que sua existência fora desprovida de um propósito mais significativo, que não passou daquilo que a sociedade, com seu mero jogo de interesses, de galgar posições de prestígio, de “parecer estar bem”, preconizava. Em resumo: uma autêntica vida de falsidades. Para seu desespero, até mesmo àqueles a quem julgava ser fundamental e amado, sua mulher e filhos, vivenciam sua convalescênça como sendo um capricho inexplicável (a mulher) ou um aperreio, um estorvo (sua filha).

O sucesso profissional, o empenho pela manutenção da ordem, do status quo, daquilo que, aos olhos dos outros era tido como o “certo”, sempre fora o norte de sua “aparentemente” bem sucedida (na verdade, ordinária) vida: “Não era um adulador, nem quando menino, nem quando homem feito, porém, desde a infância, sentira-se naturalmente atraído pelas pessoas que ocupavam posição elevada na sociedade, tal como mariposas pela luz, e assimilava-lhes as maneiras e as opiniões, forçando ainda relações amistosas com elas”.

Segundo perspicaz análise de Gabriel Ferreira: “Ivan Ilitch dá um rosto à imprudência moderna. Ele é o juiz bem sucedido, que crê desempenhar perfeitamente o seu papel, ou seja, que “aplica” o Direito. Ele é o “escravo da lei”, a “boca da lei”, que no fundo no fundo sabe que tais coisas não existem, mas que age profissionalmente como se existissem. À semelhança dos médicos com os quais se depara ao longo de sua agonia e que, ali onde se encontra um homem a ser cuidado (um homem que sofre e que necessita de cuidados), só enxergam uma doença a ser eliminada, Ivan Ilitch também se mostra incapaz, durante toda sua vida como juiz, de levantar os olhos dos autos e dos códigos para ver os homens e seus problemas. Ele “aplica” o direito, mas não sabe (ou finge não saber) que o Direito não pode ser “aplicado” de uma forma mecânica. Sua prudência (no sentido moderno), que se manifesta em sua dócil submissão a um legalismo convenientemente apropriado ao carreirismo, é máxima imprudência (no sentido clássico). E por essa imprudência, Ivan Ilitch paga um preço alto. O preço da falta de sentido”.

Moribundo, reconstitui, na imaginação, suas origens, sua vida como estudante de Direito, os concursos públicos, as motivações que o levaram a eleger Prascóvia Fiódorovna como esposa: “Dizer que Ivan Ilitch se casou por ter se apaixonado pela moça e por ter encontrado nela compreensão para a sua concepção da vida, seria tão incorreto quanto afirmar que se consorciara porque a sua roda social aprovara o enlace. Esposou-a movido por suas próprias razões: o casamento lhe proporcionava particular satisfação e era visto como uma boa solução pelos seus amigos mais altamente colocados”. Nem por amor, nem somente por puro interesse, embora seja notória a importância que dava aos valores prezados pelos mais bem situados.

O magistrado não encontrou felicidade no lar. Passado o breve mar-de-rosas que fora a lua-de mel, o matrimônio se revelou perturbador: “E, não mais que um ano após o casamento, Ivan Ilitch chegou à conclusão de que a convivência familiar, embora ofereça certas vantagens, era uma coisa verdadeiramente complexa e difícil, para a qual é preciso elaborar uma relação definida, tal como perante o trabalho, a fim de se poder cumprir honradamente o dever, ou seja, levar-se uma vida que, pela correção, a sociedade aprove”. Problemas de ordem prática, soluções igualmente práticas!

Nada como refugiar-se no trabalho como forma de blindagem para evitar que algum incômodo nos perturbe e podermos assim, anestesiados, deixar a vida seguir seu curso, sob controle: “Todo o interesse da sua existência se concentrou no mundo judiciário e esse interesse o absorvia. A consciência da sua força, que permitia aniquilar quem ele quisesse, a imponência da sua entrada no tribunal, a deferência que lhe tributavam os subalternos, seus êxitos com superiores e subordinados e, sobretudo, a maestria com que conduzia os processos criminais e da qual se orgulhava – tudo isto lhe dava prazer e lhe enchia os dias, a par das palestras com os colegas, os jantares o [jogo] uíste. Assim a vida de Ivan Ilitch decorria da maneira que achava conveniente – agradável e digna”.
Sobre o contentamento que o jogo lhe proporcionava, confidencia-nos o autor: “A alegria que Ivan Ilitch encontrava no trabalho era a alegria da ambição; as alegrias da vida social eram as da vaidade; mas as verdadeiras alegrias eram as proporcionadas pelo uíste”. Entrevemos mais um pouco da alma do corretíssimo juiz Ivan Ilitch: ambicioso, vaidoso e frívolo!

Dentre as demais atividades nas quais encontrava prazer ocupavam-no uma inocente e tipicamente burguesa: a decoração e organização do lar; mas nem sequer nisso sua individualidade aflorava: “Teve a sorte, principalmente de poder comprar barato certas antigüidades, que emprestavam à casa um ar pronunciadamente aristocrático. (...) Na verdade, havia ali o mesmo que se encontra nas casas de gente remediada, mas que pretende aparentar opulência e apenas consegue que se pareçam extraordinariamente umas com as outras (...) enfim, tudo aquilo que as pessoas de certa classe possuem para parecer com as pessoas da mesma classe. A casa de Ivan Ilitch era uma perfeita imitação, mas ele a achava absolutamente original”.
Tudo corria relativamente bem na pacata e irretocável vida de Ivan Ilitch. Até que um dia, envolvido na arrumação da nova casa, ansioso por demonstrar a um operário como queria que um serviço fosse executado, deu um passo em falso, escorregou duma escada e deu uma pancadinha de lado, na moldura da janela. Na hora, não sentiu muito, apenas uma dorzinha boba. Mas após esse episódio, as dores foram se tornando cada vez mais intensas e insuportáveis. Apesar de ter se submetido a renomados especialistas, nada pôde fazer. A morte o rondava.

A inesperada condição de enfermo será extremamente favorável à observação, à avaliação isenta e imparcial dos relacionamentos cultivados com todos os que o cercavam, inclusive com seus colegas juízes. É com profundo desapontamento que Ivan constata que, indiferentes, a única coisa que importava mesmo era manter o enfadonho (mas necessário) protocolo de visitas e confabular sobre quem ocuparia o posto que ele deixará, bem como quem ficará com o cargo vago por aquele que o substituir, e assim por diante. Recapitulando seus valores, suas realizações e frustrações, conclui que “farinha do mesmo saco”, não teria agido diferente de seus interesseiros e ambiciosos amigos magistrados. Afundando num sofrimento desesperado, Ivan Ilitch se dá conta da insignificância de sua vida, da fragilidade de suas conquistas. Apesar de suas dores físicas serem terríveis, doía ainda mais a sua consciência moral. Próximo à finitude e com fome de imortalidade, a ânsia de encontrar propósito para sua breve e vulgar existência martelava-lhe o cérebro.

Foram três meses, de intensa agonia. Dependente de auxílio para tudo, inclusive para as constrangedoras necessidades fisiológicas, encontra na alma do singelo camponês Guerássin, ternura e, testemunha a bondade humana. Certa vez, agradecendo pelo desagradável préstimo, ouviu o mujique afirmar que fazia isso com prazer; que qualquer um faria. Essa ingenuidade o comovia profundamente. Acalmava-lhe a presença desse prestativo enfermeiro.

Sob o crivo de uma lucidez perturbadora, repassou sua vida: “E quanto mais longe da infância e mais perto do presente, tanto mais as alegrias que vivera lhe pareciam insignificantes e vazias. A começar pela faculdade de direito. Nela conhecera alguns momentos realmente bons: o contentamento, a amizade, as esperanças. Nos últimos anos, porém, tais momentos já se tornavam raros. Depois, no tempo do seu primeiro emprego, junto ao governador, gozara alguns belos momentos: amara uma mulher. Em seguida tudo se embrulhou e bem poucas eram as coisas boas. Para adiante, ainda menos. E, quanto mais avançava, mais escassas se faziam elas. Veio o casamento, um mero acidente e, com ele, a desilusão, o mau hálito da esposa, a sensualidade e a hipocrisia. E a monótona vida burocrática, as aperturas de dinheiro, e assim um ano, dois, dez, vinte, perfeitamente idênticos. E, à medida que a existência corria, tornava-se mais oca, mais tola. É como se eu tivesse descendo uma montanha, pensando que a galgava. Exatamente isto. Perante a opinião pública, eu subia, mas na verdade, afundava. E agora cheguei ao fim – a sepultura me espera”.
Sem que ninguém visse: “Chorava a sua impotência, a sua terrível solidão, a crueldade de Deus, que o abandonava”. Vulnerável, clamava por carinho, piedade e, em silêncio, nutria um desejo inconfessável para um homem de respeito: queria ser cuidado como se fosse uma criança.

Buscar e encontrar o significado da vida é algo particular. O juiz Ivan Ilitch foi um homem que não atentou para a liberdade de poder escolher seu destino. Sem discutir, fez o que era para ser feito e pronto. Mas isso fora insuficiente para deixá-lo partir em paz. Não questionou o télos (propósito/objetivo/finalidade) de seus comparsas; “fechou” com a futilidade encantatória da classe dominante; almejada, sem pestanejar, por toda manada, ilusório alvo de imitação. Três horas antes de morrer, Ivan Ilitch vislumbra luz no fundo do saco escuro. Sensibiliza-o as lágrimas nos olhos do filho e da mulher, se apieda por eles: “e percebia que a sua vida não fora o que deveria ter sido, mas ainda podia ser reparada”. No instante em que adota uma atitude em relação ao sofrimento, algo fenomenal o liberta da fantasmagórica ameaça da vala-comum psíquica. Ah, a morte: “Que alegria!”. Ivan Ilitch recebe-a de braços abertos!

► Saiba mais:

Tolstói, Leon – A morte de Ivan Ilitch / Leon Nikolaievitch Tolstói. Tradução de Vera Karam. Porto Alegre: L&PM, 2002.
Décourt, Luiz Venere – A Aceitação da Morte em Novela Russa - http://www.incor.usp.br/r-conteudo-medico.htm

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Gente Nossa fazendo sucesso em Sampa!...


Artista de Mato Grosso expõe telas no Parque Ibirapuera em São Paulo.

14/06/2010 - 19h08

Da Redação

Retratar os animais em telas como forma de chamar atenção para as espécies em extinção. Este foi o objetivo que levou o artista plástico Victor Hugo realizar a exposição ‘Fauna MataViva – a arte em defesa dos animais do Pantanal, Amazônia e Cerrado’, no parque Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 02 a 06 de junho.

Conforme o próprio artista, essa ação nasceu da preocupação com a questão ambiental, no Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá, no ano de 2007. “Hoje muito se fala em aquecimento global, desamatamento e se esquecem que os animais têm grande importância para o meio ambiente”, ressaltou.

As telas ficaram distribuídas em pontos estratégicos do Parque, em meio a vegetação, como se simbolizassem os animais em seu habitat natural. “Na medida em que as pessoas caminhavam pelo Ibirapuera elas enxergavam um ponto vermelho distante. Ao se aproximarem, viam que era uma arara, em um quadro. O parque se transformou numa galeria de arte”, explicou Victor Hugo ao dizer que a aceitação do público paulista quanto à exposição foi muito grande.

O artista frisou que São Paulo deu a percepção de sua proposta, que é a atenção ao meio ambiente, principalmente porque não visa comercialização e sim, uma ação.

De acordo com Victor Hugo esse primeiro passo foi importante para que ações como estas tenham continuidade. Ele destacou ainda a parceria com o Governo do Estado e reconheceu que sem esse apoio seria difícil realizar esse projeto.

A entrada no parque é gratuita e recebeu, durante os quatro dias de exposição, cerca de 200 mil pessoas.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Quem canta seus males espanta!....Então, vamos cantar, com SKANK !...



"SUTILMENTE" (De Samuel Rosa e Nando Reis):

E quando eu estiver
Triste
Simplesmente
Me abrace
E quando eu estiver
Louco
Subitamente
Se afaste
E quando eu estiver
Fogo
Suavemente
Se encaixe...

E quando eu estiver
Triste
Simplesmente
Me abrace
E quando eu estiver
Louco
Subitamente
Se afaste
E quando eu estiver
Bobo
Sutilmente
Disfarce...

Mas quando eu estiver
Morto
Suplico que não me mate não
Dentro de ti
Dentro de ti...

Mesmo que o mundo
Acabe enfim
Dentro de tudo
Que cabe em ti. (2x)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

JUSTIÇA PARA QUEM PRECISA: DEFENSORIA PÚBLICA!

Direito à moradia adequada é debatido na TV Jutiça.

O direito à moradia que também é traduzido no sonho da casa própria de quase toda população brasileira é o tema do programa Fórum, da TV Justiça nesta semana. O programa comandado pelo jornalista Rimack Souto debate o tema com Celso Santos Carvalho, secretário nacional de programas urbanos, do Ministério das Cidades; e a defensora pública, Adriana Britto, do Núcleo de Terras e Habitação do Rio de Janeiro.

O direito à moradia no Brasil está assegurado constitucionalmente, no artigo 6º, e compõe a agenda de sucessivos governantes. Mas, pesquisas apontam mais de 30 milhões de pessoas sem um teto no Brasil, pessoas que, não tendo como comprovar renda passam longe dos financia mentos da sonhada casa própria.

A produção habitacional no Brasil surgiu nos anos 30, com a iniciativa privada. Nos anos quarenta foi criada a Fundação Casa Popular. Extinta em 1964, ela não tinha construído 17 mil unidades e para complicar, dos anos quarenta aos sessenta, a população brasileira saltou de 41 milhões para 70 milhões de habitantes.

Para garantir a casa própria para o povo, em 64 foi criado o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), financiado pelo Banco Nacional da Habitação, que faliu por causa da inadimplência dos mutuários, no final dos anos oitenta. Hoje, o Estado Democrático de Direito busca um instrumento que, concretamente viabilize o direito à moradia e o respeito à dignidade humana, reforçou Celso Carvalho.

“Essa moradia além de proteger tem de ser um local ligado a toda infra-estrutura urbana. Precisa ter água potável, energia elétrica, rede de esgoto, e a partir desse teto, a família precisa ter acesso ao sistema de transporte público, escola, posto de saúde, trabalho, emprego e geração de renda. Isso é moradia adequada na concepção do ministério e do nosso arcabouço legal”, disse.

Adriana Britto explicou como a defensoria atua no direito à moradia. “Em ações de reintegração de posse ou ações de despejo. Essa defesa se dá diante de um conflito possessório, individual ou coletivo, urbano ou rural. O Defensor Público também pode atuar de forma preventiva, buscando um acordo entre as pessoas que estão em conflito”, disse.

O programa Fórum tem um canal direto com você. Encaminhe a sua sugestão para fórum@stf.jus.br.

Horários de exibição:
Fórum inédito: sexta-feira (11/06), às 20h30.
Reprises: sábado, às 18h30; e segunda, às 21h.

Veículo: TV Justiça
Estado: DF

terça-feira, 8 de junho de 2010

Poconé/MT mantendo suas tradições!...


Cavalhada de Poconé.

Trata-se de uma festividade de origem portuguesa que chegou a Mato Grosso em 1769, em comemoração à chegada de Luiz Pinto de Souza Coutinho, capitão general e terceiro governador da capital de Mato Grosso, fixando-se no município pantaneiro de Poconé. A manifestação se ausentou do cenário cultural mato-grossense por 35 anos (de 56 a 90), mas retornou em 1991 com muito pique. E dessa forma, a Cavalhada, palco de torneios medievais acirrados em arenas européias, ganhou destaque na tradição e cultura mato-grossense, em Poconé.

A manifestação é comumente associada a famosos episódios da história e da literatura universal, como a Guerra de Tróia e As Cruzadas.

Cavalos e cavaleiros ricamente ornamentados competem, ao som do repique de uma “caixa”. A Cavalhada acontece todos os anos durante a Festa de São Benedito, em junho e além do embate entre os exércitos Mouro e Cristão, a Cavalhada tem ainda o Baile dos Cavaleiros, a Festa da Iluminação (com espetáculo pirotécnico), a Dança dos Mascarados, siriri e cururu e é encerrada com um grande show popular.

Cavaleiros e pajens com vestimentas e adereços riquíssimos posicionam-se nos seus cavalos que, com singular adorno, enfeitam-se de plumas, fitas e guizos.

Em seguida, adentram na arena travando lutas ao som do repique da "caixa", um peculiar instrumento de percussão, compassado ao trote dos cavalos e ao tilintar dos guizos.Cada exército é composto por 12 cavaleiros e seus respectivos pajens.

A festa começa com a entrada do exército Mouro, de vermelho, e do exército Cristão, com a cor azul, depois com a entrada da rainha, e dos mantenedores (pessoas que mandam no exército), em seguida do embaixador, depois as bandeiras do Divino Espírito Santo e de São Benedito.

A seguir, a rainha Moura é roubada, pelo exército Cristão, que ateia fogo ao castelo.

Logo após o castelo ser queimado, iniciam-se as competições, entre elas: arrancada de cabeça do judas, prova do limão, argolinha,entre outras.

Para finalizar o embate, o exército mouro coloca bandeiras brancas na arena e com esse gesto, declara a paz entre os dois exércitos.

Referências

Histórico de representantes da Rainha Moura. A Rainha Moura, disputada pelos exércitos, é escolhida pelo Capitão de Mastro. Na reunião de escolha, atualmente, o cargo de Capitão é o mais disputado, justamente porque os pais (ou parentes) querem colocar suas filhas (sobrinhas, netas...) para fazer parte da História das Cavalhadas de Poconé. Vejam quem ocupou o trono de Rainha da Cavalhada, a partir de 2004: 2004 - Mariella Prado 2005 - Aline França 2006 - Tereza Raquel Costa Marques 2007 - Camila Volpato 2008 - Rafaela Silva 2009 - Rafaella Rondon 2010 - Alice França

Lucyomar França

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Responsabilidade Dividida.


Juiz fala sobre guarda compartilhada no YouTube.

“A guarda compartilhada é um regime que atribui ao pai e a mãe as divisões das decisões importantes da vida dos filhos menores de idade.” É assim que o juiz da 6ª Vara de Família do Distrito Federal, Arnoldo Camanho, explica o instituto da guarda compartilhada, criado por meio das modificações introduzidas no Código Civil pela Lei 11.698/2008, em entrevista ao canal do Supremo Tribunal Federal no YouTube.

No programa, o juiz que, também, é presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, tira dúvidas a respeito das regras básicas para a guarda compartilhada, mostra como é dividido o tempo que a criança deve passar com o pai e a mãe e explica os três tipos de guarda compartilhada: a alternada, a monoparental e o aninhamento.

O juiz também detalha o que muda nas relações entre pais e filhos com a guarda compartilhada, como fica a questão do pagamento de pensão, e o que se leva em consideração ao aprovar um pedido de pais que desejam cuidar conjuntamente da rotina de seus filhos. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF.

Clique aqui e veja a entrevista.

A internet mudou o mundo. O Direito e a Justiça não poderiam ficar fora!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

POETA BRASILEIRO BRILHANDO NO VELHO MUNDO!...


Ferreira Gullar conquista Prêmio Camões.

Divulgação

O Prêmio Camões, a mais importante premiação literária da língua portuguesa, foi concedido, neste ano, ao poeta brasileiro Ferreira Gullar, anunciou nesta segunda-feira o Ministério da Cultura de Portugal. ”É para um grande homem da lusofonia que o Prêmio Camões rende homenagem”, declarou em coletiva à imprensa a ministra portuguesa de Cultura, Gabriela Canavilhas.

Nascido em São Luís, no Maranhão, no dia 10 de setembro de 1930, José Ribamar Ferreira, conhecido como Ferreira Gullar, é “poeta, dramaturgo, cronista e tradutor, considerado entre as 100 personalidades brasileiras mais influentes na atualidade”, disse Canavilhas. A ministra falou ainda da importância de “sua atividade cívica e política, como cidadão e autor”.

Ferreira Gullar publicou sua primeira coletânea de poemas em 1949. Dentro da Noite Veloz e Poema Sujo, da década de 1970, figuram entre suas obras mais famosas. Neste fim de semana, Gullar marcou presença no Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier, onde falou sobre sua obra, sua relação com o movimento concretista e o tempo da literatura – que ninguém pode controlar.

O Prêmio Camões, de 100.000 euros, foi criado em 1988 por Portugal e Brasil para homenagear autores lusófonos que tenham contribuído para enriquecer o patrimônio cultural e literário de língua portuguesa. O prêmio foi outorgado antes aos portugueses Antonio Lobo Antunes (2007) e José Saramago (1995), ao brasileiro Jorge Amado (1994) e ao angolano Pepetela (1997).

(Com agência France-Presse)

Novas alterações na Lei de Execução Penal.


CCJ da Câmara dos Deputados aprova Projeto de Lei nº 1090/2007.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou hoje, dia 1º de junho, o Projeto de Lei 1090/07, de autoria do Deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ), que altera a Lei de Execução Penal para regulamentar a atuação da Defensoria Pública.

Pela primeira vez, a Lei de Execução Penal passará a tratar da atuação da Defensoria Pública nessa matéria.

O Projeto fomenta a prestação de serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.

Está prevista também a necessidade de prestação de auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, em todas as unidades da Federação, a inclusão da Defensoria Pública na lista de órgãos da execução penal, além de reservar espaço próprio à Defensoria Pública dentro dos estabelecimentos penais.

De acordo com o Defensor Público Rodrigo Roig, “a Defensoria Pública deverá atuar dentro dos estabelecimentos penitenciários, implementando Núcleos Especializados de Execução Penal. O projeto prevê, ainda, a legitimidade da Defensoria Pública para provocar a análise judicial de diversos direitos, de forma individual ou coletiva, visando uma rápida e efetiva justiça executivo-penal”.

O relator da matéria foi o Deputado Mauro Benevides (PMDB/CE) que, além de assegurar uma tramitação rápida, requereu a inversão da pauta para agilizar a votação na sessão de hoje.

O projeto agora seguirá para sanção presidencial.


Veículo: ANADEP
Estado: DF

Blatter confirma presença de Nelson Mandela no jogo de abertura da Copa do Mundo!


Durante evento nesta quarta-feira, presidente da Fifa anuncia que o líder sul-africano assistirá ao duelo entre os Bafana Bafana e o México no dia 11/06.

Por GLOBOESPORTE.COM
Joanesburgo, África do Sul

- Madiba estará lá! – declarou Blatter, se referindo ao apelido carinhoso dado pela população sul-africana ao ex-presidente – A realização da Copa na África do Sul se deve ao trabalho de um só homem, que é o meu amigo Nelson Mandela.

Havia dúvidas em torno da possibilidade de Mandela – que tem 91 anos – comparecer ao jogo, já que, por questões de saúde, o ex-presidente se viu forçado a diminuir suas aparições públicas.

- Ele é o líder mais carismático e honesto de todos os tempos e sera registrado na história desta maneira. Estamos muito honrados por ele estar conosco no jogo de abertura da Copa do Mundo de 2010.